sábado, 23 de outubro de 2010

Faltou governo, faltam propostas, sobrou a violência

A violência física e a virulência verbal não deveriam fazer parte da disputa democrática. Como também não deveriam fazer parte da democracia a omissão, a mentira, a manipulação, a compra de votos, o abuso do poder econômico e do poder político. É inaceitável, também, o uso de concessões públicas a seu favor por pequenos grupos em desvantagem para a maioria da população. A democracia é o embate das ideias de diferentes forças políticas, uma evolução da sociedade moderna. Mas há os que não se desapegam das raízes gregas considerando-a apenas o direito de uma casta, enquanto submetem os demais, a maioria, à subserviência e à apatia, como faziam os senhores com os escravos na sociedade grega.
Nos últimos anos, o Amapá viu sua situação de qualidade de vida deixar o grupo de estados medianos, 18ª posição (FIRJAN, 2000), para ir à penúltima posição (26º), junto com Maranhão (25º) e Alagoas (27º) (FIRJAN, 2007).
O índice FIRJAN de desenvolvimento dos municípios aborda indicadores de emprego e renda, educação e saúde. O índice do Amapá (0,5740) está abaixo da média dos estados brasileiros (0,6467) e significativamente abaixo da média brasileira (0,7478).
As quedas constantes no ranking revelam que enquanto houve crescimento nos demais estados, o Amapá não teve o mesmo desempenho. Pelo menos 15 estados brasileiros cresceram entre 20% e 30% e 9 estados entre 10% e 20% desde 2002. O Amapá ficou com o segundo pior desempenho do país – apenas 8,8%.
Desde 2001, a transferência constitucional de recursos da União para o Amapá cresceu 2,6 vezes. A quota do Fundo de Participação dos Estados que cabe ao estado, repartindo o crescimento de todo o país, é 2,6 vezes maior agora do que foi no último ano do governo Capiberibe. Mas não se vê essa maior quantidade de dinheiro dando resultado nos serviços públicos e na qualidade de vida dos cidadãos. Fecharam vagas nas escolas estaduais, faltaram merenda escolar e professores, escolas caíram por falta de manutenção. Recém nascidos morreram na maternidade; a falta de medicamentos, profissionais e leitos tornou-se rotina desde 2003.
Nem os setores produtivos receberam o incentivo adequado do poder público, pela completa ausência de políticas que incentivassem a produção, o transporte e o comércio de produtos locais. Por isso, quando PSB e PT governaram juntos o Amapá, o retorno de ICMS aos cofres do estado era o dobro do que é hoje.
São essas questões que precisam estar na linha de frente do debate eleitoral. Só para aqueles que são contra os interesses coletivos, que são contra à população interessa uma campanha de baixo nível, de manipulação, de factóides e de violência. É atrás disso que o grupo político liderado por quem se refestelou no poder nestes últimos anos, esconde que não tem interesse no desenvolvimento coletivo, na distribuição de renda, na justiça social, nos serviços públicos de qualidade e na cidadania. Os indicadores de qualidade de vida mostram o que eles fizeram com o Amapá. A falta de serviços e de segurança também.
É urgente devolver o estado e os poderes públicos do Amapá ao povo amapaense, reinstalar a política de desenvolvimento sustentado e sustentável da economia e das cadeias produtivas locais, retomar o investimento nas políticas públicas e serviços essenciais e, inegavelmente, intensificar o combate à corrupção. Interessa à Frente Popular debater essas ideias e torná-las ações efetivas de governo. A vontade de mudar da maioria da população também quer isso.
Desejo restabelecimento ao Wagner Barbosa de Aleluia, que não conheço, mas considero vítima dos desmandos da história recente do Amapá.

PS.: Wagner é militante do PTB e levou um tiro. A Polícia está investigando. Ele foi operado, perdeu o baço e parte do fígado. Seu estado é estável.

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