quarta-feira, 19 de março de 2008

O melhor dinheiro... ops, democracia

Na minha cruzada anti-EUA de hoje, fiquei curioso com a "arrancada" do ultra-direitista republicano McCain sobre os democratas-enrolados-petistas Barack Obama e Hilary Clinton nas eleições norte-americanas.
Lembrei-me logo de Dom Quixote de La Mancha e de Sancho Pança, ops, de Michael Moore e Greg Palast.
As eleições que George Bush não ganhou mas levou sobre Al Gore, em 2001, tiveram inúmeros fatos pitorescos - para não tascar logo suspeitos - que garantiram a vitória do partidário de McCain. Só para citar um, a quantidade de negros e latinos que estavam em "situação irregular". Eram, majoritariamente, eleitores de Gore. Esta "triagem democrática" foi feita na Flórida, estado governado pelo irmão por Jeff Bush. Quando todas as pesquisas davam a vantagem de Gore, a CNN tascou uma pesquisa que apontava a vitória de George sem qualquer sombra de dúvida. O diretor de jornalismo, por coincidência, era o primo de Bush. Todo mundo foi atrás.
Mesmo assim, Gore teve mais votos populares numa contagem absolutamente controvertida, quando foram anuladas sessões inteiras onde as pesquisas apontavam sua vantagem.
Curiosamente, atual e fabulosa recuperação de McCain, defensor incondicional da guerra do Iraque - e do lucro que rende aos sócios de Bush - ocorre na mesma hora em que as manifestações contra a guerra se avolumam. Uma contradição que levanta suspeitas. O cenário e as ferramentas parecem idênticos ao que deu a não-vitória a Bush, mas o levou à Casa Branca.
De novo, vou dar trabalho: o documentário "Fahrenheit 11 de setembro", de Moore, tem um capítulo exclusivo à eleição de Bush. E o livro do jornalista Greg Palast "A melhor democracia que o dinheiro pode comprar" - que serviu de roteiro a Moore no tal capítulo - esmiúça as informações.
Faz enrubecer, para usar uma palavra menos comum, quem tiver o mínimo de compreensão do que é uma democracia. Com certeza, nem para si mesmos, os EUA são bom exemplo de democracia. E lá vão eles carimbar os outros de ditadores... Ah, sim, a história do dinheiro... Boa leitura!

O menos achado do mundo

Nem os vários trapezistas de madeira que eu ganhei de presente do meu pai, quando era pirralho, tem cara de pau tão grande quanto George Bush. Ele "comemorou" os cinco anos da Guerra no Iraque e, candidamente, considera positivo o resultado do massacre idêntico ou até pior do que o imposto por Saddam Hussein, que ele mesmo ajudou a armar quando lhe interessou e sobre quem inventou boas metiras para começar a brincar de Rambo, como o Iraque estar de posse de armas nucleares.
Mas esse "aniversário" me despertou uma curiosidade que quero dividir com meus 3 leitores assíduos... Em 2003, os EUA que iniciaram a guerra contra o Iraque por conta das armas nucleares que o Iraque nunca teve e para combater o terrorismo patrocinado pelo Al-Qaeda quando atacou as torres gêmeas, em Nova Iorque, dois anos antes, em 11 de setembro de 2001.
A comissão nacional sobre ataques terroristas (EUA) acusou o Al-Qaeda como responsável pela morte de mais de 3 mil pessoas no atentado às torres gêmeas e elegeu Osama Bin Laden o terrorista-mor e inimigo número 1 dos EUA.
Em 3 anos, Saddam Hussein foi capturado, julgado e estava morto por enforcamento em 30 de dezembro de 2006. Bem ao gosto de Hollywood - julgamento espalhafatoso com auto-defesa e enforcamento "secreto" que por pouco não foi transmitido ao vivo pelas televisões de todo o mundo como era o "bombardeio cirúrgico" de Bagdá: "o míssel acaba de cair na cabeceira da cama da 32ª esposa de Saddam, onde ele deveria estar dormindo nesta noite".
Logo entraremos no 7º aniversário do atendado às torres gêmeas e o inimigo número 1 dos EUA e terrorista-mor não está nem perto de ser capturado. Aliás, a não ser quando ele mesmo resolve mandar notícias, ninguém mais fala nele. Bin Laden está no esquecimento. A mesma força militar que encontrou Saddam enterrado, sujo, humilhado, mas vivo, nem passou perto de achar Bin Laden, o terrista-mor e inimigo número 1 dos EUA!! Observe que no Wikipédia se lê que "Bin Laden é o homem mais procurado do mundo". Provavlemente continuará sendo o "menos achado do mundo" também.

Por que tanta eficiência para destronar, julgar e matar o ditador Saddam (aliás, para os EUA a América Latina está cheia deles e a mídia tupiniquim é pródiga em repetir a cantilena) e tamanha ineficácia para encontrar Bin Laden?
O documentário "Faharenheit 11 de setembro" de Michael Moore tem respostas rápidas para esse "tratamento especial" a Bin Laden. Quem tiver um pouco mais de tempo também pode ler "Stupid Withe Men" do mesmo Moore.
Uma dica: no mesmo dia em que todos os estadunidenses estava proibidos de voar para qualquer lugar que fosse, quando os céus dos EUA ficaram limpos de qualquer vôo civil fretado ou de carreira por conta do ataque às torres gêmeas, 198 membros da família "Laden" - empresários com inúmeros e lucrativos negócios no Oriente, nos EUA e na Europa - eram levados de volta para casa num vôo pago pelo Governo norte-americano, capitaneado por George Bush... O documentário de Moore tem cenas de afagos explícitos entre os Bush e os Laden... Claro que nunca vão achar, condenar e enforcar o Bin!
Saddam, que fora aliado mas já não estava mais tão amiguinho dos EUA, e além de tudo dormia sobre a maior reserva de petróleo do mundo e a 2ª maior reserva de água doce subterrânea do planeta, dançou. Aliás, também não acredito que a guerra dure até hoje por que os iraquianos estão satisfeitos com a presença e com a política dos EUA na sua casa. Ou as mostras de satisfação mudaram muito, ou, penso eu, que os iraquianos ainda não consideram boa idéia os EUA defecarem milhares de mísseis nas suas janelas.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Aprenda na "Escolinha do Lula"


A foto é de Fábio Pozzebon/Abr

Nem ia me dar o trabalho de escrever, mas tinha que dar um pitaco na boa matéria do Correio Braziliense, à página 20, edição de hoje. Até a pedra que mora na esquina da minha rua sabe que o Brasil não está o sonho, ou a utopia, que sempre se pretenderá. Por isso o Correio, apesar do crescimento do PIB durante o governo Lula já ser superior ao dobro do crescimento durante o Governo FHC (xodózinho da mídia nacional), começou desmerecendo por ser "apenas" 5,4%.
Mas vale ler toda a matéria, para se ouvir afirmações tipo "crescimento virtuoso e sustentado", "crescimento disceminado", "equilibrado", crescimento dos investimentos, das rendas, garantia de mercado e por aí afora... Mesmo assim, veja a última frase da matéria, há quem não queira pagar os tributos...

Ah, sim, dá prá saber por que o tucanato e o demo faz oposição cortando dinheiro da saúde??

"COMO O PIB CRESCEU 5,4%"
Vicente Nunes - Da equipe do Correio


Consumo das famílias e vigor dos investimentos foram determinantes para o resultado de 2007. Expansão média no governo Lula fica em 3,8%

O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas pelo país, surpreendeu os mais otimistas dos analistas e registrou crescimento de 5,4% em 2007 — o consenso do mercado apontava para um aumento entre 5% e 5,2%. Foi o melhor resultado desde 2004, quando avançou 5,7%. O consumo das famílias, com incremento recorde de 6,5%, e o vigor dos investimentos, com alta de 13,4%, também recorde, foram determinantes para que a economia brasileira rompesse de vez com o padrão que vigorou entre 2003 e 2005, em que o setor externo dava o tom da expansão do país. No ano passado, inclusive, as operações com o exterior tiraram, pelas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1,4 ponto percentual do PIB. Ou seja, se fosse levada em consideração apenas a demanda doméstica, o Brasil teria computado crescimento de 6,9%. O PIB atingiu a marca dos R$ 2,6 trilhões. Já o PIB per capita, resultado das riquezas do país divididas pela população, cresceu 4%, também o melhor resultado desde 2004 (+4,2%), alcançando R$ 13.515.

Com o desempenho do ano passado, a média de expansão do PIB no governo Lula ficou de 3,8%, bem superior aos 2,3% de média computados nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. Mas, ainda que tenha havido avanço nos números, o Brasil está longe de alcançar o desempenho dos países emergentes. De 39 economias pesquisadas pela consultoria Austin Rating, com crescimento médio de 5,6% ao ano, o Brasil aparece na 35ª posição. “O mais importante é que houve uma mudança de patamar de crescimento do país. É muito provável que o incremento do PIB em 2008 fique próximo dos 5%, superando a média mundial (de 4,2%, segundo o Fundo Monetário Internacional)”, disse o economista-chefe da Corretora Convenção, Fernando Montero. Essa previsão foi endossada pelos economistas Fábio Fonseca, do Ibmec Business School, e Luíza Rodrigues, do Banco Santander.

Segundo Cláudia Dionísio, economista do IBGE, do lado da oferta, todos os setores da economia tiveram desempenhos expressivos em 2007, com destaque para a agropecuária, com crescimento de 5,3%. As atividades do campo foram impulsionadas pelas lavouras de trigo, com aumento de 62,3%, de milho (+20,9%), de cana-de-açúcar (+13,2%) e de soja (+11%). Já a indústria computou incremento de 4,9%, graças, sobretudo, ao segmento de transformação, com alta de 5,1%, à construção civil e à área de energia, com avanço de 5%. Nos serviços, que cresceram 4,7%, o destaque foi o sistema financeiro, já que os bancos ampliaram substancialmente as operações de crédito. “Foi um crescimento disseminado e bastante equilibrado”, assinalou.

Ela chamou a atenção para o forte aumento da renda dos brasileiros — a massa salarial cresceu 3,6% — e do maior volume de crédito (28,8% acima de 2006). Com mais dinheiro no bolso e mais empréstimos, os brasileiros foram às compras e estimularam as empresas a investirem, diante da certeza de que venderiam seus produtos. “Por isso, os investimentos recordes. Esse é o que chamamos de ciclo virtuoso e sustentado da economia”, ressaltou Fábio Fonseca. Pelas contas de Cláudia Dionísio, tanto o consumo das famílias quanto os investimentos cresceram pelo quarto ano consecutivo, o mais longo ciclo desde 1996, início da série do IBGE.

A disposição dos brasileiros para gastar engordou os caixas dos governos federal, estaduais e municipais em R$ 367,9 bilhões em imposto sobre produtos, saldo 9,1% maior. Cresceram, especialmente, o Imposto sobre Importações (+23,6%) e o Imposto sobre Produtos Industrializados, IPI (+14,1%). O consumo maior também estancou a taxa de poupança do país em 17,7% do PIB, o que levou a uma necessidade de financiamento externo de R$ 4,5 bilhões.

Crítica a palpites
Dentro do governo, o PIB de 2007 foi motivo de festa. Para o presidente Lula , o crescimento da economia foi visto “de forma muito gostosa”. Ele criticou, porém, os “palpites” de economistas. “Está cheio de analista econômico dando palpite, e se a gente fosse aceitar os palpites de todos, a gente ia embora porque o Brasil ia acabar” disse. Lula destacou ainda que os 5,4% divulgados ontem pelo IBGE ainda serão revisados. A expectativa do Palácio do Planalto é de que o número final do PIB seja de 5,7%, igual o de 2004. “É importante lembrar para os céticos que uma parte do sucesso da economia brasileira está subordinada ao crescimento do mercado interno, porque os pobres estão comento mais, estão vestindo mais”, acrescentou o presidente.

Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o resultado do PIB foi “excelente”, mas não deveria ser visto com excesso de euforia. Ele afirmou que o objetivo do governo é manter um ritmo de crescimento gradual para evitar desequilíbrios na oferta de produtos ou a alta da inflação. “O Brasil vive um ciclo de crescimento econômico sustentável que vai continuar nos próximos anos. Não é um crescimento momentâneo, de um ou dois anos. Já estamos há quatro anos acima de 3%”, constatou. Em nota, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou que os resultados da economia, com crescimento “robusto” e inflação dentro da meta, mostram que a política monetária foi bem sucedida. (Colaborou Ricardo Allan)

Na escolinha do professor Lula

5,7% crescimento do consumo das famílias em 2007

13,4% aumento do total de investimentos

2 número de anos seguidos em que o Brasil bate recorde nos itens acima

4% crescimento do PIB por habitante, a segunda maior expansão desde 1996

6,2% avanço do PIB no terceiro trimestre de 2007 em relação ao mesmo período de 2006

36,08% carga tributária do país, com crescimento de 1,02 ponto percentual em relação a 2006. Nem tudo é perfeito…

e à página 21...
"INVESTIMENTO CRESCE, MAS É BAIXO"Vicente Nunes - Da equipe do Correio


Empresários constroem fábricas e ampliam a produção para atender o consumo, chegando a 17,6% do PIB. Esforço continua insuficiente para sustentar expansão econômica de 5% ao ano, como quer o governo

A estabilidade econômica, o forte aumento do consumo e a queda da taxa básica de juros (Selic) — de 15,1%, em 2006, para 11,9%, no ano passado — foram fundamentais para o avanço de 13,4% dos investimentos produtivos. No total, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as empresas destinaram R$ 449,5 bilhões para a construção e a ampliação de fábricas, volume correspondente a 17,6% do Produto Interno Bruto (PIB). “Trata-se da maior relação entre investimentos e PIB desde 2000, início da série histórica. Em 2006, esse indicador estava em 16,5%”, disse Cláudia Dionísio, economista do IBGE.

Apesar dos números expressivos, os especialistas acreditam que a taxa de investimentos ainda é muito baixa para garantir um crescimento sustentado superior a 5%, como prevê o governo. “Não há como falar em expansão contínua em ritmo firme, sem elevar os investimentos para mais de 20% do PIB. Com a atual taxa, o crescimento pressionará a inflação, exigindo que o Banco Central eleve os juros”, afirmou a economista Luíza Rodrigues, do Banco Santander. Na China e na Índia a taxa ronda os 40% do PIB. Mesmo em relação aos vizinhos da América Latina, o Brasil está na rabeira, pois a média da região é de 23% do PIB.

Na avaliação da analista para a América Latina da Economist Intelligence Unit (EIU), Érica Fraga, se quiser ampliar a taxa de investimentos, o Brasil terá de encarar reformas adiadas nos últimos anos, como a tributária e a trabalhista. “É o único jeito de aumentar a competitividade do país”, assinalou. “Em 2006, num grupo de 146 países, a taxa de investimentos do Brasil estava na 128ª posição.”

domingo, 9 de março de 2008

Roda Viva

Volto a postar informações sobre o programa Roda Viva, depois que passaram-se as edições gravadas e o programa volta ao vivo.
O entrevistado desta semana é o deputado federal José Eduardo Cardozo, do PT de São Paulo. Com certeza tem pano prá manga. O programa vai ao ar a partir das 22h40min desta segunda-feira, na TV Cultura.



José Eduardo Cardozo
Deputado Federal e Secr etário-geral do PT


Em ano eleitoral, PT e PSDB enfrentam-se não apenas nas urnas nas eleições municipais do final do ano, mas também no Congresso. A acirrada disputa pelo comando da CPI dos Cartões colocou frente a frente, mais uma vez, os adversários PT e PSDB. Sem apoio de outras bancadas governistas, o PT foi obrigado a ceder. Os tucanos ficaram com a presidência e os petistas com a relatoria.

Existem outras batalhas imediatas que vão contrapor governistas e oposição: a Reforma Tributária, Política e o número de Medidas Provisórias do Governo.

O convidado do programa Roda Viva desta segunda-feira, José Eduardo Cardozo, fez carreira política no Partido dos Trabalhadores, onde está desde o ano da sua fundação, em 1980. Primeiro foi vereador de São Paulo e depois Deputado Federal. Recentemente foi eleito Secretário-geral do PT.

Participam como convidados entrevistadores:
Luiz Weis, colunista do Observ atório da Imprensa e colaborador do jornal O Estado de S. Paulo; Renata Lo Prete, editora do Painel do jornal Folha de S. Paulo; José Márcio Mendonça, jornalista e editor do blog A Política Como Ela É; César Felício dos Santos, Repórter de política do jornal Valor Econômico; Ilimar Franco, colunista do jornal O Globo em Brasília; Otávio Cabral, Repórter da revista Veja, em Brasília.

Apresentação: Carlos Eduardo Lins da Silva

Lançado o PIG

Vi nos blogs dos jornalistas Paulo Henrique Amorin (Conversa Afiada) e Luiz Carlos Azenha (Vi O Mundo) o lançamento do "PIG" - Partido da Imprensa Golpista. E não faltam informações para mostrar como a mídia nacional prima mais ou menos pela "liberadade" e "independência", conforme estão em jogo os interesses "nacionais". Na linguagem da elite, interesses do Brasil, são os seus próprios.
Três exemplos recentíssimos que mostram como se comporta a mídia nacional em relação ao governo do peão nordestino que chegou à presidência da República:
1 - o lançamento do programa de urbanização de três favelas cariocas, que investirá R$ 1,14 bilhão (leia mais aqui) não encheu a capa nem dos diários cariocas. Nem pelo ineditismo que têm. Aliás, não faltam os que chamam de paternalista, eleitoreiro, demagógico, populista. Seria diferente se as obras fossem na orla da praia de Copacabana ou se o presidente a subir o morro fosse o "sociólogo" FHC! Talvez por que elite nunca vai ao morro mesmo. De vez em quando prá comprar drogas. Já Lula, como é "peão" mesmo, bom, não é novidade, ele é de lá mesmo.

2 - Final do ano passado. A mídia nacional revelou sua aliança com DEM (PEFELÊ) e PSDB para derrubar a CPMF, que isentava os trabalhadores com renda até três salários mínimos por meio de uma compensação no INSS, mas juntaria, neste ano, cerca de R$ 40 bilhões da classe média e da elite para financiar a saúde e os programas de bolsa aos pobres do Governo Federal. Em nenhum momento se ouviu que os trabalhadores com renda até três mínimos eram isentos. A mídia comemorou com a oposição. Semana passada, outro baque sobre a saúde pública - que boa parte da classe média só usa quando seu plano de saúde não cobre e a elite só usa por decisão judicial, quando o custo do tratamento seria elevado demais. Os partidos de oposição comemoraram o vencimento da Medida Provisória que suplementava recursos permitindo o reajuste da tabela do SUS, que paga os serviços prestados por profissionais ou instituições privadas ao sistema público de saúde. Leia-se, paga os serviços no atendimento à saúde dos pobres. Esqueceram-se que eles mesmos defendiam reajuste da tabela por que "a saúde pública é um caos". Todo mundo quer um serviço público de saúde com qualidade e melhor remunerado. Menos a oposição. Claro, eles não usam serviço público de saúde. Nada na imprensa, e quando surgir, é por culpa do governo, que apresentou o reajuste por meio de Medida Provisória.

3 - O Governo está pelas tabelas para tentar aprovar o Orçamento da União 2008 por conta da obstrução permanente dos partidos de oposição. Os recursos do Orçamento são aqueles que servem para financiar obras, pagar folha, fazer transferências, investir em educação e saúde, e por aí afora. Como estamos em ano eleitoral, a oposição quer ver o país se arrebantar para tentar que o PT e alguns partidos coligados se dêem mal nas eleições municipais. A partir do final do mês, se o orçamento não for aprovado, o governo federal não terá como fazer transferências, continuar obras, etc. Aí, a oposição terá "argumentos" nas eleições municipais. Ah, sim, e a culpa é do Lula, esqueci disso, enquanto em anos anteriores, a mídia toda voltava-se contra a oposição. Sim, só quando a oposição era o PT. Hoje, ninguém houve falar em irresponsabilidade da oposição. Claro, é tudo farinha do mesmo saco.

Alguém tem dúvida sobre por que os índices de aprovação do Governo Federal e do presidente Lula crescem sem parar? Parece que o "povão" se deu conta de quem é quem nesse jogo.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Veja, quer dizer, leia.

Aos ainda fãs, leitores assíduos, catequizados ou seguidores "bíblicos" da revista Veja, deixo aqui o link de um "dossiê" do jornalista Luiz Nassif (a Veja é que gosta de dossiês,) que traz uma análise histórica da revista. Nassif fez um levantamento meticuloso, cirúrgico, e não economiza torpedos:
"aceitando que suas páginas e sites abrigassem matérias e colunas do mais puro esgoto jornalístico", bombardeia logo de cara, para conceituar a revista logo depois: "um misto de senso comum com matérias brilhantes, tendo como foco uma classe média não muito sofisticada".
Vale dedicar um tempinho.
Clique aqui. Leia de uma vez ou a conta-gotas.

Sorria, Dilma!

O presidente Lula fez um super teste, hoje, com a ministra Dilma Roussef, que seria sua preferida para sucedê-lo no Palácio do Planalto, ao lançar o PAC das comunidades carentes do Rio de Janeiro. É o primeiro projeto do poder público para urbanização efetiva e dotação com os serviços essenciais de favelas brasileiras. Levantou a bola da ministra Dilma, que parece continuar não muito à vontade em eventos públicos. Se continuar assim, perderá a chance de se tornar a primeira mulher presidente (ou presidenta) do Brasil. Fez caras e bocas. Simpatia, mesmo, pouca.
Lula tem razão ao afirmar que, se tivesse lançado o programa de urbanização das favelas em 2006, teria sido taxado de "eleitoreiro e populista". Aliás, o é, da mesma maneira, mesmo que não seja candidato em 2010. "Mas terá seus apadrinhados nesta eleição". Aliás, todo o programa do governo que atenda os historicamente excluídos é eleitoreiro. E no Brasil, com eleição a cada ano, só sobrariam dois para efetivar políticas públicas concretas.
Para usar um argumento que não exija muito esforço do cérebro, por que os marqueteiros de plantão nunca usaram como "estratégia de marqueting" fazer obras de urbanização e de serviços essenciais para tornar maior a presença do poder público nos lugares onde só entra como força policial repressora?
Talvez por que dar cidadania à milhões de brasileiros, empurrados para os morros desde a "abolição" da escravatura, custa caro demais, principalmente aos "pudores" daqueles que só querem dar direitos aos que já têm. Aos pobres, é "comprar seu pensamento", ou seu voto.

sábado, 1 de março de 2008

Como é uma sociedade capitalista

A matéria do Marcos Losekan, sobre a Rússia (clique, para saber mais sobre o país), no Jornal Nacional de hoje, sábado, é uma aula de sociedade capitalista.
Tem VT do Papa, tem do assassinato do guerrilheiro número 2 das FARC e até de um galo catarinense, mas ainda não achei essa matéria da Rússia no site do JN para linkar aqui, mas sintetizo e emendo minha "análise":
eleições lá neste domingo e o candidato favorito é Dmitry Medvedev, apoiado por Vladimir Putin, que instituiu o capitalismo neoliberal na Rússia.
Hoje, o ex-país comunista tem a maior concentração de liberais e novas fortunas do planeta. 36 cidadãos concentram 10% do PIB!!! No outro extremo, tem 22% da população - ou quase 35 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza e comendo lixo. Entre os 36 "cidadãos de sucesso", como seriam chamados por aqui, e os 35 milhões de "vagabundos e fracassados" que passam fome, 115 milhões de russos de "classe média" que darão a vitória a Medvedev. Sim, por que sonham que poderão ficar tão ricos quanto os 36 que concentram 10% do PIB, e acham maravilhoso o mundo capitalista de passeio no shopping e consumo "à vontade" (até que o dinheiro dê, mesmo que estourando o cartão de crédito, afinal, o sonho - ou a ilusão - de ser rico não tem preço).
Grosso modo, essa estratificação não é diferente no Brasil. Apenas aqui não é tratada assim, tão abertamente.
"Não tínhamos liberdade mas também não passávamos fome", traduziu Losekan de um catador de lixo. Liberade para ir ao shopping? Escola particular? Comer o mesmo que todos os outros russos? Ter plano de saúde e de aposentadoria particulares? Para viajar para onde quiserem? Ou para ir ao jornal, rádio e TV e falar o que quiser? Ou para reclamar sem que ninguém lhe dê ouvidos? Não me parece que quando não há o que comer, haja recursos para as "outras coisas boas" do capitalismo.
E quando ao ideal de justiça social? Bom, a atual classe média não vai ficar preocupada com "fracassados", nem olhando para o "passado comunista", por que o futuro é acreditar que pode chegar a ser um dos 36, afinal, tem todos os pré-requisitos e méritos suficientes para isso, como tem em qualquer lugar do mundo.
Vale como registro: o IDH russo ainda é elevado (0,802), por conta dos serviços sociais amplos que restaram do "comunismo". Maior que o brasileiro, depois de 500 anos de capitalismo e alguns de "milagre" neoliberal (0,800) e que motivou a chacota dos "revolucionários" de plantão por que, ano passado, o Brasil entrou no faixa dos "elevados".
O que vendem ao povo russo é o mesmo sonho que vendem em qualquer país capitalista. Daí, três deduções, considerando a história recente:
Somos todos uns otários a serviço de alguns poucos - uns até se dão conta, outros, nem isso.
O povo cubano tem mais um forte motivo para não abandonar o socialismo - como comemoraram os "libertários" aboletados nos EUA e outros cantos "democráticos" do planete - e vão levar isso em conta, até por que seu pior mal é o embargo criminoso dos EUA e não a alegada falte de "liberade individual".
Em toda a nação capitalista - e aqui não é diferente - a maior massa de manobra é a classe média, que usa da sua educação e dos seus argumentos para construir a injustiça social que interessa aos donos do capital. Por isso mesmo ouvimos urros indignados antes, durante e depois da reeleição de Lula.
Os fantoches não tinham dado conta do recado. Leia-se: derrotar Lula. Ou alguém ainda pensa que o "povão" pode falar no rádio, na TV e nos jornais? Ou até aqui, na Internet?
Daí também dá prá entender por que o "demagogo latino-americano" (kkk) continua vendo sua aprovação subir enquanto "o país se desmancha em corrupção", como se nunca houvera. Melhor agora, que, pelo menos, não fica escondida debaixo do tapete como faziam ficar a elite e boa parte da mída até pouco tempo e até a Polícia Federal arregaçou as mangas.
Por sua vez, o "povão" brasileiro aprendeu que pode ter opinião conforme vê seus interesses atendidos. Do mesmo jeitinho que fazem a classe média e a elite. Fico do lado do "povão" que, pelo menos, é a maioria de pessoas do país. Ah, tá, quando se atende à maioria "desqualificada" é populismo. Pô, desculpa aí. Então sou populista.

Dia do trabalhador antecipado

Manchete tímida no Correio Braziliense de ontem (sexta, 29): PAÍS NUNCA EMPREGOU TANTO NUM INÍCIO DE ANO. Pela primeira vez no país - é o que está escrito no Correio (Lula diria: nunca na história desse país, mas viraria chacota dos "esquerdistas" de plantão) - 51,1% das pessoas ocupadas são trabalhadores formais, empregados com todos os direitos trabalhistas respeitados. No início do do governo Lula eram 42,% os trabalhadores formais. Mas 49% ainda sofrem em subempregos para garantir o lucro dos patrões. Os louros vão para os patrões que estão confiantes no crescimento sustentado da economia. Se houver algum problema, aí sim, é culpa do governo. Deixa prá lá.
Os trabalhadores tiveram hoje outro ganho: o valor do novo salário mínimo, de R$ 415,00. 9,21% de reajuste, com ganho real perto dos 4%. A Medida Provisória foi assinada na sexta-feira e vale a partir deste dia 1º.
O DIEESE estima que serão injetados R$ 1,6 bilhão por mês na economia. Mais um argumento para quem considera que a distribuição de renda e riqueza é o melhor caminho para movimentar a economia, promover o crescimento de modo parecido em todo o país e reduzir as injustiças sociais. O mesmo DIEESE estima que para atender à Constituição, o salário mínimo deveria ser pouco maior que R$ 1,9 mil. Se a remuneração ao trabalhador pela sua mão-de-obra continuar sendo reajusta acima da inflação, acrescida do aumento do PIB e objetivando a distribuição da renda e da riqueza produzidos pelo trabalhador, é possível chegar lá. O grande nó é o pagamento das aposentadorias e pensões - que promovem distribuição de renda nos lugares mais pobres do país - e a economia das pequenas prefeituras. Bom, que tal tributar mais as grandes fortunas que, proporcionalmente, são as que menos pagam impostos??
Os demos e tucanos, que defenderam o fim da CPMF preocupados com a população mais pobre,poderiam defender essa bandeira.
PS.: O Dia do Trabalhador - e não dia do trabalho como tentam descaracterizar alguns - é dia 1º de Maio. Até lá, explico por que é do trabalhador e não do trabalho.

Fim da CPMF serviu para engordar o lucro

Demorou mas alguém falou: o fim da CPMF não provocou redução de preços ao consumidor. Agora, os empresários tem "outros custos que o consumidor nem sabe" - nem mesmo o empresário que deu a entrevista - para não reduzir em 0,38% o preço do produto que o consumidor leva para casa. Os mais honestos dizem que estão separando o valor que seria pago em CPMF para financiar novos investimentos. A maioria, no entanto, esquece de dizer que o dinheiro serviu tão somente para aumentar o lucro. Por outro lado, o consumidor continua tão desinformado quanto antes, como a dona de casa que não punha as contas em débito automático para não pagar a CPMF. Só estaria livre se o dinheiro não passasse em momento algum pela conta bancária. E como ela fala em transferência entre as contas da família, é bem provável que o dinheiro estava lá e o débito em conta não ocorria por pura desinformação.
O Jornal Nacional fez matéria sobre o fim da CPMF hoje, mas não falou que os trabalhadores com renda até 3 salários mínimos recebiam como compensação pela CMPF uma redução do mesmo valor na parte que contribuem ao INSS.
Também ninguém falou que a tributação sobre os mais pobres e a redução nos preços foram os dois principais argumentos da oposição ao governo federal para derrubar a "contribuição" obrigatória e que nem um, nem outro, eram verdadeiros.
Quem tem renda mais elevada e, principalmente, que não declara boa parte da sua renda continuam levando o bolo prá casa.
Os trabalhadores com renda até 3 salários mínimos, que não pagavam CPFM por conta da compensação na contribuição previdenciária, por um lado continuam engordando o lucro dos patrões, que não reduziram o imposto que congelava a economia nos custos pagos pelo consumidor, por outro, sentem-se ameaçados pela redução da qualidade nos serviços públicos de saúde e até mesmo, os mais 'quebrados' na Bolsa Família.
Para boa parte da classe média e da elite, que passam longe desses serviços públicos, não fará diferença alguma, mesmo que o serviço melhore ou viesse a melhorar com a CPMF. Talvez os serviços de má qualidade virem matéria, de novo, quando for para anular algum outro tributo que transfira renda para as populações mais empobrecidas. É só esperar.