quinta-feira, 13 de março de 2008

Aprenda na "Escolinha do Lula"


A foto é de Fábio Pozzebon/Abr

Nem ia me dar o trabalho de escrever, mas tinha que dar um pitaco na boa matéria do Correio Braziliense, à página 20, edição de hoje. Até a pedra que mora na esquina da minha rua sabe que o Brasil não está o sonho, ou a utopia, que sempre se pretenderá. Por isso o Correio, apesar do crescimento do PIB durante o governo Lula já ser superior ao dobro do crescimento durante o Governo FHC (xodózinho da mídia nacional), começou desmerecendo por ser "apenas" 5,4%.
Mas vale ler toda a matéria, para se ouvir afirmações tipo "crescimento virtuoso e sustentado", "crescimento disceminado", "equilibrado", crescimento dos investimentos, das rendas, garantia de mercado e por aí afora... Mesmo assim, veja a última frase da matéria, há quem não queira pagar os tributos...

Ah, sim, dá prá saber por que o tucanato e o demo faz oposição cortando dinheiro da saúde??

"COMO O PIB CRESCEU 5,4%"
Vicente Nunes - Da equipe do Correio


Consumo das famílias e vigor dos investimentos foram determinantes para o resultado de 2007. Expansão média no governo Lula fica em 3,8%

O Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas pelo país, surpreendeu os mais otimistas dos analistas e registrou crescimento de 5,4% em 2007 — o consenso do mercado apontava para um aumento entre 5% e 5,2%. Foi o melhor resultado desde 2004, quando avançou 5,7%. O consumo das famílias, com incremento recorde de 6,5%, e o vigor dos investimentos, com alta de 13,4%, também recorde, foram determinantes para que a economia brasileira rompesse de vez com o padrão que vigorou entre 2003 e 2005, em que o setor externo dava o tom da expansão do país. No ano passado, inclusive, as operações com o exterior tiraram, pelas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1,4 ponto percentual do PIB. Ou seja, se fosse levada em consideração apenas a demanda doméstica, o Brasil teria computado crescimento de 6,9%. O PIB atingiu a marca dos R$ 2,6 trilhões. Já o PIB per capita, resultado das riquezas do país divididas pela população, cresceu 4%, também o melhor resultado desde 2004 (+4,2%), alcançando R$ 13.515.

Com o desempenho do ano passado, a média de expansão do PIB no governo Lula ficou de 3,8%, bem superior aos 2,3% de média computados nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso. Mas, ainda que tenha havido avanço nos números, o Brasil está longe de alcançar o desempenho dos países emergentes. De 39 economias pesquisadas pela consultoria Austin Rating, com crescimento médio de 5,6% ao ano, o Brasil aparece na 35ª posição. “O mais importante é que houve uma mudança de patamar de crescimento do país. É muito provável que o incremento do PIB em 2008 fique próximo dos 5%, superando a média mundial (de 4,2%, segundo o Fundo Monetário Internacional)”, disse o economista-chefe da Corretora Convenção, Fernando Montero. Essa previsão foi endossada pelos economistas Fábio Fonseca, do Ibmec Business School, e Luíza Rodrigues, do Banco Santander.

Segundo Cláudia Dionísio, economista do IBGE, do lado da oferta, todos os setores da economia tiveram desempenhos expressivos em 2007, com destaque para a agropecuária, com crescimento de 5,3%. As atividades do campo foram impulsionadas pelas lavouras de trigo, com aumento de 62,3%, de milho (+20,9%), de cana-de-açúcar (+13,2%) e de soja (+11%). Já a indústria computou incremento de 4,9%, graças, sobretudo, ao segmento de transformação, com alta de 5,1%, à construção civil e à área de energia, com avanço de 5%. Nos serviços, que cresceram 4,7%, o destaque foi o sistema financeiro, já que os bancos ampliaram substancialmente as operações de crédito. “Foi um crescimento disseminado e bastante equilibrado”, assinalou.

Ela chamou a atenção para o forte aumento da renda dos brasileiros — a massa salarial cresceu 3,6% — e do maior volume de crédito (28,8% acima de 2006). Com mais dinheiro no bolso e mais empréstimos, os brasileiros foram às compras e estimularam as empresas a investirem, diante da certeza de que venderiam seus produtos. “Por isso, os investimentos recordes. Esse é o que chamamos de ciclo virtuoso e sustentado da economia”, ressaltou Fábio Fonseca. Pelas contas de Cláudia Dionísio, tanto o consumo das famílias quanto os investimentos cresceram pelo quarto ano consecutivo, o mais longo ciclo desde 1996, início da série do IBGE.

A disposição dos brasileiros para gastar engordou os caixas dos governos federal, estaduais e municipais em R$ 367,9 bilhões em imposto sobre produtos, saldo 9,1% maior. Cresceram, especialmente, o Imposto sobre Importações (+23,6%) e o Imposto sobre Produtos Industrializados, IPI (+14,1%). O consumo maior também estancou a taxa de poupança do país em 17,7% do PIB, o que levou a uma necessidade de financiamento externo de R$ 4,5 bilhões.

Crítica a palpites
Dentro do governo, o PIB de 2007 foi motivo de festa. Para o presidente Lula , o crescimento da economia foi visto “de forma muito gostosa”. Ele criticou, porém, os “palpites” de economistas. “Está cheio de analista econômico dando palpite, e se a gente fosse aceitar os palpites de todos, a gente ia embora porque o Brasil ia acabar” disse. Lula destacou ainda que os 5,4% divulgados ontem pelo IBGE ainda serão revisados. A expectativa do Palácio do Planalto é de que o número final do PIB seja de 5,7%, igual o de 2004. “É importante lembrar para os céticos que uma parte do sucesso da economia brasileira está subordinada ao crescimento do mercado interno, porque os pobres estão comento mais, estão vestindo mais”, acrescentou o presidente.

Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o resultado do PIB foi “excelente”, mas não deveria ser visto com excesso de euforia. Ele afirmou que o objetivo do governo é manter um ritmo de crescimento gradual para evitar desequilíbrios na oferta de produtos ou a alta da inflação. “O Brasil vive um ciclo de crescimento econômico sustentável que vai continuar nos próximos anos. Não é um crescimento momentâneo, de um ou dois anos. Já estamos há quatro anos acima de 3%”, constatou. Em nota, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou que os resultados da economia, com crescimento “robusto” e inflação dentro da meta, mostram que a política monetária foi bem sucedida. (Colaborou Ricardo Allan)

Na escolinha do professor Lula

5,7% crescimento do consumo das famílias em 2007

13,4% aumento do total de investimentos

2 número de anos seguidos em que o Brasil bate recorde nos itens acima

4% crescimento do PIB por habitante, a segunda maior expansão desde 1996

6,2% avanço do PIB no terceiro trimestre de 2007 em relação ao mesmo período de 2006

36,08% carga tributária do país, com crescimento de 1,02 ponto percentual em relação a 2006. Nem tudo é perfeito…

e à página 21...
"INVESTIMENTO CRESCE, MAS É BAIXO"Vicente Nunes - Da equipe do Correio


Empresários constroem fábricas e ampliam a produção para atender o consumo, chegando a 17,6% do PIB. Esforço continua insuficiente para sustentar expansão econômica de 5% ao ano, como quer o governo

A estabilidade econômica, o forte aumento do consumo e a queda da taxa básica de juros (Selic) — de 15,1%, em 2006, para 11,9%, no ano passado — foram fundamentais para o avanço de 13,4% dos investimentos produtivos. No total, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as empresas destinaram R$ 449,5 bilhões para a construção e a ampliação de fábricas, volume correspondente a 17,6% do Produto Interno Bruto (PIB). “Trata-se da maior relação entre investimentos e PIB desde 2000, início da série histórica. Em 2006, esse indicador estava em 16,5%”, disse Cláudia Dionísio, economista do IBGE.

Apesar dos números expressivos, os especialistas acreditam que a taxa de investimentos ainda é muito baixa para garantir um crescimento sustentado superior a 5%, como prevê o governo. “Não há como falar em expansão contínua em ritmo firme, sem elevar os investimentos para mais de 20% do PIB. Com a atual taxa, o crescimento pressionará a inflação, exigindo que o Banco Central eleve os juros”, afirmou a economista Luíza Rodrigues, do Banco Santander. Na China e na Índia a taxa ronda os 40% do PIB. Mesmo em relação aos vizinhos da América Latina, o Brasil está na rabeira, pois a média da região é de 23% do PIB.

Na avaliação da analista para a América Latina da Economist Intelligence Unit (EIU), Érica Fraga, se quiser ampliar a taxa de investimentos, o Brasil terá de encarar reformas adiadas nos últimos anos, como a tributária e a trabalhista. “É o único jeito de aumentar a competitividade do país”, assinalou. “Em 2006, num grupo de 146 países, a taxa de investimentos do Brasil estava na 128ª posição.”

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