sábado, 1 de março de 2008

Fim da CPMF serviu para engordar o lucro

Demorou mas alguém falou: o fim da CPMF não provocou redução de preços ao consumidor. Agora, os empresários tem "outros custos que o consumidor nem sabe" - nem mesmo o empresário que deu a entrevista - para não reduzir em 0,38% o preço do produto que o consumidor leva para casa. Os mais honestos dizem que estão separando o valor que seria pago em CPMF para financiar novos investimentos. A maioria, no entanto, esquece de dizer que o dinheiro serviu tão somente para aumentar o lucro. Por outro lado, o consumidor continua tão desinformado quanto antes, como a dona de casa que não punha as contas em débito automático para não pagar a CPMF. Só estaria livre se o dinheiro não passasse em momento algum pela conta bancária. E como ela fala em transferência entre as contas da família, é bem provável que o dinheiro estava lá e o débito em conta não ocorria por pura desinformação.
O Jornal Nacional fez matéria sobre o fim da CPMF hoje, mas não falou que os trabalhadores com renda até 3 salários mínimos recebiam como compensação pela CMPF uma redução do mesmo valor na parte que contribuem ao INSS.
Também ninguém falou que a tributação sobre os mais pobres e a redução nos preços foram os dois principais argumentos da oposição ao governo federal para derrubar a "contribuição" obrigatória e que nem um, nem outro, eram verdadeiros.
Quem tem renda mais elevada e, principalmente, que não declara boa parte da sua renda continuam levando o bolo prá casa.
Os trabalhadores com renda até 3 salários mínimos, que não pagavam CPFM por conta da compensação na contribuição previdenciária, por um lado continuam engordando o lucro dos patrões, que não reduziram o imposto que congelava a economia nos custos pagos pelo consumidor, por outro, sentem-se ameaçados pela redução da qualidade nos serviços públicos de saúde e até mesmo, os mais 'quebrados' na Bolsa Família.
Para boa parte da classe média e da elite, que passam longe desses serviços públicos, não fará diferença alguma, mesmo que o serviço melhore ou viesse a melhorar com a CPMF. Talvez os serviços de má qualidade virem matéria, de novo, quando for para anular algum outro tributo que transfira renda para as populações mais empobrecidas. É só esperar.

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