sábado, 29 de dezembro de 2007

FHC queria encerrar o ano assim

A oposição ferrenha e, por vezes, irracional de FHC ao Governo Lula faz sentido. Principalmente quando o objetivo é tentar reaver a cadeira presidencial aos aliados de sempre, PFL, ops, DEM e PSDB. Sua aliança com Rodrigo Maia (PFL/RJ) e com os pefelistas gaúchos, como Onyx Lorenzoni - antipetista de carteirinha - para derrubar a CPMF, se foi uma demonstração de força - logo depois os próprios tucanos relutavam em reconhecer aí uma vitória - mais ainda foi uma demonstração de que PFL e PSDB estão antevendo que poderão ficar um bom tempo na oposição.
O discurso de encerramento de ano feito pelo presidente Lula não foi ideológico. Por isso mesmo poderia ter sido pronunciado por qualquer presidente que fosse. E, imagino eu, seria um discurso que FHC gostaria muito de ter feito no final de um ano pré-eleitoral e há 2 anos e pouco de nova eleição presidencial.
A cinco páginas do discurso elencaram uma série de mudanças positivas para o país, a despeito dos acontecimentos tradicionais da política brasileira que ainda precisam ser dinamitados. Apesar da tecla de que o país vai mal ter sido gasta pela oposição e pela mídia, Lula pôde apresentar uma série de conquistas.
Aumento da massa salarial, ascensão de 20 milhões de brasileiros para a classe "C", crescimento de 5% na economia nacional, geração de quase 2 milhões de novos empregos são motores do tal círculo virtuoso que Lula vê se formando na economia brasileira.
Falta ainda muita coisa por fazer no Brasil. A reforma agrária para ocupar e dar cidadania a milhões de famílias sem terra e reduzir a concentração de terra, poder e recursos públicos enfiados no mesmo raldo todo o ano. Ou a reforma tributária, para que se cobre mais tributos de quem acumula mais riqueza e menos dos que apenas vivem. Ou uma reforma urbana que ocupe com famílias os milhões de imóveis habitados por baratas que se prestam à especulação, só para citar algumas.
Essas são mais radicais e Lula precisaria ter pelo menos mais uma década no poder, além da compreensão e participação efetiva da mídia nacional para a Nação entender que o Brasil lucraria com isso, não apenas os poucos de sempre.
Sim, precisa continuar combatendo a corrupção para aniquilar da vida nacional essa prática que nasce na iniciativa privada e se aloja nos cofres públicos.
Não tem nada de comunista, ou de socialista, o Governo Lula, como foi o sonho da maioria absoluta dos militantes de esquerda e como ainda é o de uma grande parcela.
É bem verdade que o Governo Lula deu apenas uma polida no capitalismo das cavernas que a elite nacional implantou no país e pelo qual lucra sem pingar uma gota de suor há séculos.
Mas me parece meio improvável que no Brasil se alcance uma revolução a la Fidel, como poderia ser a inspiração 'psolista'. Nem me parecem lógicas a maioria das críticas dos tucanos e demos.
Passados 5 anos do governo do único operário que chegou à Presidência do país - e que é condenado por muitos por ter "perdido" sua ideologia - não há como negar que o país está melhor.
Os mais arrebentados da história brasileira perceberam isso há mais de um ano, quando deram a maioria dos votos a Lula. FHC talvez tenha percebido já logo depois da última eleição, por isso sua ferocidade. E agora, mancheteia a Carta Capital desta semana, até parte da "elite" parece estar se sentindo melhor com Lula no governo. Pode ser por que restam-lhe "só" três anos, como também por que começaram a entender que a distribuição de renda é o melhor remédio para problemas como a segurança e para o crescimento da economia.
Quem nunca vai gostar, mesmo, são os que lucram sem esforço algum. Os que defendem eternamente para o Brasil o que nem os liberais da meca capitalista admitem para si próprios.
Ao fazer oposição do jeito que faz, FHC revela também qual é a ideologia que norteia sua política para o país. Já as mostrou quando no poder e as reafirma agora.

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