terça-feira, 30 de outubro de 2007

A Tropa na Elite


A maior parte das discussões em torno do filme "Trope de Elite" ficou em torno da violação dos direitos humanos e da idolatria ao BOPE. Tudo vai depender da extensão do debate que se fizer. Alguns verão denúncia, outros verão idolatria.
Pouco entrou no debate, no entanto, que aqueles que mais cobram "segurança" são os que mais despejam dinheiro para alimentar a violência e o tráfico de drogas e armas. As classes mais abastadas que, por sua vez, também são as que mais se beneficiam com a organização social da maneira como se dá no Brasil. Uma exploração selvagem sobre a força de produção, seja braçal, seja técnica, seja intelectual, que enriquece uma casta de privilegiados e relega a maioria ao esquecimento do Estado ou do provimento das suas necessidades por seus próprios meios.
Semana passada, o jornal O Globo e o jornal Correio Braziliense publicaram matéria mostrando que os maiores consumidores de drogas estão no topo da pirâmide da sociedade brasileira - Leia aqui a matéria d'O Globo.
Não por nada que o filme teve grande sucesso na periferia, onde o Caveirão não é bem visto, e tenha causado tanto incômodo entre os "mais esclarecidos".
Este era um dos posts da semana passada, mas ainda não tinha reativado o blog.
Aliás, qualquer provocação, numa roda de amigos mais "liberal" de que o back provoca a violência e a morte na periferia vai resultar num quiprocó de uns bons minutos. É só fazer o teste.
Vale considerar que as apologias ao Capitão Nascimento só fazem sentido quando o conjunto da sociedade - ou a parcela que mais poderia agir - lava suas mãos como faz históricamente e elege um herói para limpar todos os seus malfeitos. Aliás, o personagem falou isso durante o filme. Mas como isso obriga sacudir-se do confortável sofá da sala, quase ninguém ouviu.

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